20 de setembro de 2016

Rotina

as mãos se soltaram quase ao mesmo tempo, tão imperceptível quanto aquele dia que se grudaram pela primeira vez. Seria impossível dizer se ela estava doente do estomago ou se ele é quem nunca falou que o coração doía. Calaram-se.
A rotina, aos poucos, engoliu todo aquele espaço entre as palavras não ditas. Os olhos se abriam pela manhã, o dia todo era a batalha do sorriso que lutava contra as lágrimas.Tomava o café com uma pitada de canela e esquecia a dor com uma pitada de saudade. Depois já não se sabia mais o que era aquele desconforto dentro do peito. Talvez fome. Talvez falta de ar. Falta.
Mas não há de ser nada, o sorriso era o escudo pra todas aquelas pessoas que insistiam em exigir a felicidade. E de repente, achava-se que estava tudo bem. Talvez até sorrissem genuinamente, vez ou outra. Mas era só sorriso de rotina, não era sorriso de alma.
Quando os olhos finalmente fechavam a noite, a cabeça colada no travesseiro, era possivel sentir novamente. Aquele unico sentimento verdadeiro, impossível de ser permitido durante todas as outras horas de todos os dias. Todo dia. A rotina disfarçava a dor daquele luto que se leva de alguém que ainda vive. 


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